Presença de secreções e tempo de duração acusam diferentes doenças
A tosse é um reflexo natural do aparelho respiratório para eliminar micro-organismos que estejam afetando as vias aéreas – seja nariz, garganta ou pulmões. Mas nem sempre a tosse é igual ou chega sozinha, e analisar os diversos aspectos dela pode ajudar a entender se é um quadro alérgico leve ou sintoma de algo mais grave, como uma pneumonia. Conheça as principais características da tosse e quando buscar ajuda médica.
Quando ele não funciona corretamente, vem então a temida labirintite. Trata-se de uma situação bastante desesperadora, pois a crise apresenta-se geralmente da seguinte forma:
Tosse seca
De acordo com o otorrinolaringologista Jamal Azzam, da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, geralmente a tosse seca é bastante incomodativa e não faz barulho de secreção – nem na garganta, nem nos pulmões. A tosse seca quase sempre sofre alguma alteração no sistema respiratório, como:
• Rinite alérgica
• Faringites agudas irritativas, virais, bacterianas ou fúngicas
• Amigdalites virais ou bacterianas
• Laringites irritativas, virais ou bacterianas
• Traqueítes ou laringotraqueítes virais ou bacterianas
• Crise de asma/bronquite aguda
• Pneumonia viral ou bacteriana
• Uma causa grave e que pode levar à risco de morte é a embolia pulmonar
Entretanto, a tosse também pode ocorrer como sintoma de outras doenças. “Ela pode ser sintoma de alterações cardiovasculares, reumatológicas ou gastroenterológicas, assim como de tumores benignos e malignos ou então um efeito colateral de medicamentos”, explica o otorrinolaringologista Jamal. Além disso, muitos quadros virais ou bacterianos – como um resfriado ou gripe – podem manifestar tosse seca no final ou após o final do tratamento. “A pessoa tem nariz entupido, secreções e cerca de uma semana depois tem tosse.”
O especialista afirma que se a tosse seca estiver acompanhada de febre alta persistente, mal estar intenso no corpo e dores nos olhos, é necessário buscar ajuda médica.
Tosse produtiva
“Na tosse é expelido o muco ou mais conhecido como catarro, que pode ser claro, espesso, branco, verde, amarelado ou em alguns casos acinzentado”, diz Jamal Azzam. O muco ou catarro é produzido por pequenas glândulas que ficam abaixo da mucosa, uma camada que reveste internamente as vias aéreas. Segundo o pneumologista Ciro Kirchenchtejn, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o muco é composto por água (90 a 95%), glicoproteínas, sais e restos celulares. Sua função é proteger as vias aéreas do ataque de vírus, bactéria se outros micro-organismos que podem infectar nosso corpo.
Justamente por isso, a cor, consistência e até mesmo o odor do muco podem nos dizer se há algo de errado, uma vez que para eliminar os organismos invasores ele poderá ficar mais concentrado, com sangue ou mesmo mal cheiroso. “Quando existe catarro, a sugestão é que não seja somente uma doença irritativa, e sim viral ou bacteriana”, explica Jamal. Da mesma forma que a tosse seca, a tosse produtiva também pode ocorrer após o tratamento de algumas doenças, uma vez que o organismo ainda está eliminando os micro-organismos.
Segundo os especialistas, sintomas como falta de ar e cansaço constante e/ou para atividades físicas leves devem motivar uma consulta médica.
O que produz gosto ácido ou amargo na boca?
Doenças como gastrite e refluxo gastroesofágico podem gerar uma tosse com gosto amargo na boca. “Quando há um retardo no esvaziamento dos alimentos do estômago, que sofrem uma fermentação por ação de bactérias, liberando odores desagradáveis”, explica o gastroenterologista Décio Chinzon, do Laboratório Pasteur, em Brasília. “Algumas sintomas associados à tosse levantam suspeita para um problema gastroenterológico, como azia, irritação constante na garganta, sensação de que tem algo parado na garganta, ardor na garganta ou na boca e queimação na língua”, enumera o otorrinolaringologista Jamal.
Tosse por tabaco
O tabagismo leva a uma tosse crônica, persistente e bastante incomodativa. Geralmente tem secreção associada cronicamente também. A secreção liberada na tosse do tabagista costuma ser escura, amarronzada. “O tabaco é um importante irritante das vias aéreas, tanto nasais como brônquicas e pode estimular as glândulas a produzirem mais muco”, diz o pneumologista Ciro.
Parar de fumar aumenta as chances desse tipo de tosse diminuir com o tempo. “No entanto, pessoas que fumam há anos dificilmente irão parar de tossir, uma vez que a irritação de toda árvore respiratória é crônica e sequelar”, completa Jamal Azzam.
Tosse com sangue
A presença do sangue na tosse pode indicar uma infecção viral, fúngica ou bacteriana. “Outras causas de tosse com sangue incluem ruptura de vasos do sistema respiratório, tumores, tuberculose, entre outros”, afirma o otorrinolaringologista Jamal. Segundo o especialista, toda a tosse com sangue deve ser investigada, principalmente se associada à rouquidão persistente.
Por que a tosse piora à noite?
Quem sofre com tosse crônica ou está passando por um quadro agudo sabe que a situação tende a piorar à noite, principalmente durante o sono. Segundo o otorrinolaringologista Jamal, nosso sistema de proteção contra as inflamações e infecções fica mais debilitado durante a noite. “A causa é que o hormônio anti-inflamatório e antialérgico, o corticoide natural, é liberado uma vez por dia, somente de manhã, então à noite esse hormônio já foi consumido, causando uma piora no quadro de diversas doenças”, diz. Essa situação é especialmente comum em crianças que apresentam alergia – nesses casos, a tosse começa cerca de 1 hora depois do sono e pode perdurar a noite toda.
Além disso, a posição deitada prejudica a drenagem das secreções das vias respiratórias, o que favorece seu acúmulo e estimula a tosse. Investir em travesseiros mais altos durante as crises de tosse podem ser uma alternativa para reduzir o problema.
Diferenças entre tosse aguda e crônica
De acordo com os especialistas, a tosse aguda é aquela que dura até 3 semanas. Já a tosse crônica dura mais de 8 semanas e deve ser investigada independente dos sintomas relacionados. “Entre as tosses aguda e crônica existe a tosse subaguda, que já deve ser tratada com atenção”, afirma Jamal Azzam. Por isso, muito cuidado: tosse persistente por mais de 10 dias já é justificativa para uma consulta médica!