Se você ronca, saiba que pode ser um incômodo para a pessoa ao lado, mas para você pode ser o sinal de uma doença muito grave e evolutiva!
Estima-se que hoje no Brasil existem cerca de 40 milhões de pessoas com apnéia do sono e/ou roncos. (Fonte: Instituto do Sono – Escola de Medicina da Universidade Federal de São Paulo). Somente em São Paulo acredita-se que este número ultrapasse o de 9 milhões ! Apesar de termos muito poucos trabalhos científicos que nos fornecem números exatos quanto à prevalência desta doença em nosso país, certamente podemos ter certeza que trata-se de uma situação bastante comum.
Nos Estados Unidos estima-se que anualmente morrem cerca de 38 mil pessoas decorrentes de doenças do sono, como a apnéia. (Fonte: National Institute of Health). Neste mesmo país os acidentes de carro devidos aos distúrbios do sono chegam a 100.000 por ano. Motoristas sonolentos provocam um em cada seis acidentes fatais, chegando à impressionante marca de cerca de 17%. São também responsáveis por 1 em cada 8 acidentes que resultam em ferimentos graves. Cerca de 41% dos motoristas admitiram já terem dormido ao volante. (Fonte: National Institute of Health).
Quanto aos gastos com acidentes envolvendo pacientes que tem apnéia do sono nos Estados Unidos, chega-se à estatísticas incríveis:
• Acidentes automobilísticos: US$ 39 bilhões
• Acidentes de trabalho: US$ 13,4 bilhões
• Acidentes públicos: US$ 1,34 bilhões
(Fonte: Dr. Damien Léger – USA 1988)
A Síndrome da Apnéia e Hipopnéia Obstrutiva do Sono (SAHOS) é um distúrbio provocado pela obstrução dos canais respiratórios (especialmente na garganta) durante o sono, culminando numa diminuição drástica no fluxo de ar, chegando às vezes, a obstruí-lo completamente (parada respiratória). As paradas respiratórias com duração maior de 10 segundos são consideradas patológicas.
O paciente sente por vezes como se estivesse “um engasgo forte” e depois “puxa a respiração com muita força, fazendo um barulho muito alto”, assustando a pessoa que está ao lado, dando a impressão de que está sufocado. Muitas vezes o próprio paciente acorda assustado neste momento.
Lembramos que Apnéia significa “parada respiratória” e Hipopnéia significa “diminuição da respiração”. Ambas situações são consideradas conjuntamente para o diagnóstico e a mensuração da gravidade da doença.
Na grande maioria dos casos o paciente RONCA e isto pode ser um sinal da Apnéia do Sono. O ronco é um sintoma muito importante de que algum problema respiratório está acontecendo. Apesar da sociedade ainda ter bastante preconceito em aceitar e falar que ronca, devemos nos preocupar com este sintoma e procurar esclarecimento sobre a possibilidade de estar sofrendo alguma doença.
Portanto, quem ronca deve procurar ajuda de um otorrinolaringologista para pesquisar apnéia do sono!
As conseqüências da Apnéia do Sono no dia-a-dia da pessoa podem ser inúmeras. Geralmente, quem tem SAHOS sofre com muita sonolência e cansaço constante durante o dia, causados obviamente por uma noite de sono pouco eficiente e nada relaxante. O paciente acorda sentindo-se mais cansado do que quando foi dormir!
No entanto, existem ainda inúmeras outras conseqüências graves, como a forte relação com a Hipertensão Arterial, Arritmias Cardíacas, Doenças nas Coronárias, Insuficiência Cardíaca, redução da quantidade de Sono Profundo e até diminuição da libido e impotência sexual.
Também pode ocorrer redução da memória, dificuldade para assimilar novas informações, maior irritabilidade e labilidade emocional. Pode gerar cochilos dirigindo automóveis ou caminhões levando a graves acidentes.
Em crianças, este distúrbio pode causar hiperatividade, baixo rendimento escolar, déficit de atenção etc. Cuidado: ao contrário do que muitos pensam, não é normal a criança roncar!
Então, como fazer o diagnóstico desta doença tão terrível?
A forma mais confiável é através de uma consulta com um médico Otorrinolaringologista. Ele pode pedir o exame de polissonografia.
A polissonografia é um exame longo e minucioso. É considerado também o exame de padrão ouro para o diagnóstico e acompanhamento de um paciente com Apnéia do Sono.
O paciente permanece sob cuidados durante uma noite completa, enquanto são feitos os registros em aparelhos especiais. Todo o procedimento é totalmente indolor e não invasivo.
Mede-se com eficiência a qualidade do sono, parâmetros respiratórios e neurológicos noturnos de uma pessoa.
Muitos perguntam: “Será que vou conseguir dormir fora de casa? E ainda com muitos fios ligados em mim?” A resposta é SIM, a grande maioria das pessoas dorme o suficiente para que sejam registradas as informações que necessitamos para o diagnóstico preciso. Os eletrodos são muito pequenos e os fios muito longos, permitindo que vire-se na cama livremente, durma de lado, vá ao toalete etc.
Se a apnéia do sono for o diagnóstico, saiba que existem inúmeros tratamentos para isto.
E quanto aos idosos? Existem características especiais da apnéia do sono para esta faixa etária? O que pode ser feito então?
Sim, os idosos são a população mais afetada pela apnéia do sono. Estudos mostram que cerca de 60 % homens e 40 % das mulheres acima de 65 anos roncam e/ou tem apnéia do sono. Isto contrasta com a estatística de que 24% dos homens e 18% das mulheres de meia-idade roncam. (Fonte: Instituto do Sono – Escola de Medicina da Universidade Federal de São Paulo).
Os idosos naturalmente acumulam distúrbios cárdio-circulatórios, respiratórios e metabólicos próprios do envelhecimento. Porém, quando soma-se à apnéia do sono, a exacerbação dos sintomas e a enorme piora das consequências torna-se realidade.
Então, os idosos com apnéia tem uma chance extremamente aumentada de morte súbita durante o sono, maior risco de infarto do miocárdio, maior risco de hipertensão arterial, maior risco de acidente vascular cerebral etc.
Também, experimenta-se uma grande piora na qualidade de vida do idosos, pois a memória já não é a mesma e esta situação piora muito em função da apnéia. Da mesma forma acontece com o desempenho sexual.
Outra situação que piora muito a apnéia nos idosos e a quantidade de medicações que eles tomam. Especialmente os antidepressivos e/ou sedativos pioram muito a apnéia.
Bem, de tudo que falamos aqui, fica a certeza de que não pode-se deixar a doença sem diagnóstico e deixa-la evoluir e causar muitos males à saúde, alguns deles irreversíveis.