Audição é um dos sentidos mais importantes dos seres humanos, não somente para a comunicação, mas certamente para transmitir e receber emoções.
Primordialmente no desenvolvimento da raça humana, sua função principal era de proteção contra agressores. Ao primeiro som de perigo, iniciava-se a fuga. Já com o passar dos anos e com a perda auditiva normal da idade, a falta da audição deixava o indivíduo suscetível aos agressores, precipitando então o final da vida.
Logo cedo o bebê inicia o seu mundo auditivo, por volta dos cinco meses de vida dentro da barriga da mamãe, já reage a sons e lentamente vai identificando-os, especialmente a voz da mamãe. Todo o desenvolvimento futuro da fala dependerá fundamentalmente da integridade total do seu sistema auditivo.
As estatísticas de problemas auditivos ao nascimento são alarmantes: uma a cada mil bebês, cujas gestação e parto ocorrerem sem anormalidades, nascem surdos ou com deficiência auditiva severa ou profunda. Dados que nos preocupam muito e que devem fazer com que todos estejam sempre atentos ao tema, até para a busca da prevenção eficaz. Já no caso da gestação ou parto problemáticos ou então a necessidade de internações prolongadas ao nascer, esta estatística dobra.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 5% da população de qualquer país tem algum tipo de deficiência. Estima-se que até 15% destes sejam portadores de deficiência auditiva. Estes dados confirmam que as perdas auditivas são muitíssimo mais prevalentes do que as outras doenças detectadas na maternidade através dos testes de triagem mais comuns (hipotireoidismo, fenilcetonúria etc).
Várias são as causas de perdas auditivas ocasionadas na gestação ou logo depois do nascimento:
• rubéola (de longe a mais comum)
• toxoplasmose
• meningite
• citomegalovirose
• herpes
• caxumba
• HIV
• sífilis
• toxicidade de medicamentos utilizados na mãe ou no bebê
• baixo peso ao nascer e/ou prematuridade
• permanência na UTI neonatal acima de 7 dias
• más formações dos ouvidos ou múltiplas más formações no corpo
• trauma no momento do parto
• doenças genéticas e hereditárias, etc.
Como então prevenir esta situação tão preocupante? Segundo o Comitê Multiprofissional em Saúde Auditiva (COMUSA), em trabalho publicado em 2010, as orientações preventivas principais, dentre outras, são:
1) preocupação constante com a promoção da saúde da gestante, das crianças recém nascidas e dos lactentes
2) identificação precoce das perdas auditivas
3) disponibilidade de atendimento público ou privado de gestantes e crianças sempre que dados indicarem a possibilidade ou real presença de perda auditiva
4) acesso a aparelhos auditivos, implante coclear e tratamentos fonoaudiólogos sempre que necessário
5) orientação explícita aos pais sobre a dinâmica da evolução normal da audição, fala e linguagem
Portanto, sempre que existir qualquer dúvida sobre a audição do bebê ou da criança, sempre busque ajuda imediata com um médico otorrinolaringologista. Quanto antes diagnosticado as perdas, mais rápido e melhor será todo tratamento.