As cordas vocais são músculos que precisam da nossa atenção; saiba por que.
Os traumas ocorrem principalmente com profissionais que usam muito a voz diariamente e também nas crianças, por isso é importante dar atenção às reclamações dos pequenos e buscar um especialista
A voz é emitida devido à movimentação de duas cordas vocais (mais corretamente chamadas de pregas vocais), que são pequenos músculos recobertos por um revestimento muito tênue, mas de estrutura muito complexa. Neste processo de fonação, as pregas vocais vibram cerca de 100 vezes por segundo nos homens e 200 vezes nas mulheres, podendo chegar até 1.000 vezes por segundo em alguns tipos de canto.
Os movimentos das pregas vocais são comandados pelo cérebro, de modo voluntário. Isto pode interferir diretamente no funcionamento desses músculos, levando a um esforço vocal intenso e repetitivo, o que pode causar lesões. Esses traumas ocorrem principalmente com profissionais que usam muito a voz diariamente, como professores, teleoperadores e vendedores, e também em pessoas que a forçam ou gritam muito. As crianças também podem apresentar este quadro, por isso é preciso sempre estar atento às alterações vocais e reclamações dos filhos.
O surgimento dessas lesões pode ser comparado à formação de um “calo” nos pés. Um sapato apertado fica traumatizando um ponto de maior pressão onde ele toca, o que causa uma inflamação seguida por cicatrização, o que chamamos de calo. Nas pregas vocais, o processo é parecido: um trauma mais forte e repetido vai gerar uma lesão no ponto de maior pressão, levando a formação de nódulos (calos), pólipos, etc.
Geralmente, as lesões vocais começam por um quadro que chamamos de “disfonia funcional”, uma rouquidão causada pelo funcionamento incorreto do processo de formação da voz. Se isto permanece por muito tempo sem tratamento adequado, tal processo se transforma então em alguma lesão. Por isso, a cada sinal é preciso buscar ajuda de um especialista.
Nem todas as lesões se dão por causa do uso “exagerado” das pregas vocais. Elas podem ser decorrentes de laringites virais ou bacterianas, outras viroses, doenças neurológicas, doenças neuromusculares e até câncer. Sobre o temido câncer de laringe, sabemos que diversos estudos científicos demostram que o uso constante de álcool associado ao fumo aumenta em 43 vezes a chance de desenvolver a doença. E, em muitas vezes, o primeiro sintoma é de rouquidão.
Nota-se que a diversidade de diagnósticos para os problemas de voz é tão grande que isto torna impossível determinar exatamente suas causas sem que um médico especialista seja consultado. Por isso, vale o alerta: se o paciente apresentar alterações na voz que durem mais de dez dias, ele deve procurar um médico otorrinolaringologista o mais breve possível.