Uma leve dificuldade para engolir que evolui para dor. Depois, um grande desconforto, acompanhado de mal-estar generalizado. As infecções de garganta são uma manifestação típica da temporada de baixas temperaturas, bactérias e vírus “felizes da vida” com a maior aglomeração das pessoas. Mas há dores e dores de garganta. Aqui, o Dr. Jamal S. Azzam, especialista em Otorrinolaringologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica aqui o que é preciso saber sobre esse incômodo tão caprichoso.
Faringites e amigdalites são os nomes técnicos das dores de garganta mais comuns. Como distinguir uma da outra? As dores de garganta mais comuns são efetivamente faringite aguda, faringite crônica e amigdalite.
A faringite aguda é a dor de garganta que não apresenta outros sintomas no corpo. Ou seja, não causa mal-estar importante, nariz entupido, dores nas juntas do corpo, etc. Já a faringite crônica tem como característica a sensação constante de algo “parado” na garganta, um pigarro constante, tosse seca principalmente noturna – por vezes o paciente sente como se tivesse “uma bola na garganta que sobe e desce” e até rouquidão. A amigdalite aguda é uma infecção viral ou bacteriana. No caso da infecção bacteriana, trata-se de um quadro grave com febre alta, dor de garganta intensa, dificuldade para engolir, mau hálito, mal-estar geral, dores no corpo. As amigdalites agudas são mais comuns na criança, pois a imunidade do corpo ainda está em desenvolvimento.
Que tipo de dor de garganta justifica consultar um médico?
A grande maioria das dores de garganta são autolimitadas, ou seja, saram sozinhas. Porém, alguns quadros mais graves devem ser motivo de consulta médica. Os fatores mais importantes a serem levados em conta se ir ao médico são: febre, mal-estar geral, dores muito intensas.
Ainda se extraem amígdalas hoje?
A extração das amígdalas foi bastante comum no passado, pois o advento dos antibióticos é algo relativamente recente – década de 1940. Como dissemos, a amigdalite pode ser grave e muitas vezes até levar à morte, como aconteceu com o primeiro presidente dos Estados Unidos, George Washington. Por isso, recomendava-se a cirurgia das amígdalas como uma prevenção de algo mais grave. Agora, nos tempos atuais, como os antibióticos são mais acessíveis e mais eficientes, as indicações de cirurgia persistem, porém em casos bastante específicos.
Pessoas que têm dores garganta de repetição merecem uma atenção especial?
As pessoas que têm predisposição a dores de garganta devem ser examinados por médico otorrinolaringologista, pois isso pode estar refletindo um problema local das amígdalas, um problema imunológico ou até um problema gastroenterológico, como o refluxo gastro-esofágico.
Quais são as modalidades de tratamento?
Tratamos cada quadro de uma forma específica, porém, o mais comum é o tratamento com anti-inflamatórios e antibióticos. No caso de a origem ser o refluxo gastro-esofágico, tratamos com medicação para o estômago.
Como você analisa os medicamentos alternativos – tipo mel, própolis, etc?
Todos os medicamentos alternativos à medicina tradicional são muito bem-vindos. Naturalmente, deve-se usar o bom senso e, quando estes não mais estiverem fazendo efeito ou o quadro for mais grave, deve-se procurar um médico. Em casos iniciais ou não tão severos, podem ser usados livremente.
Pastilhas para garganta têm alguma eficácia?
São bastante eficazes como alívio temporário das dores – ou, preventivamente, antes de falar bastante numa reunião de trabalho, por exemplo.
Na idade adulta, quando se inicia o risco de tumores de pescoço, algum sintoma na garganta é especialmente preocupante?
O principal sintoma de alerta quanto ao câncer de garganta é a dor persistente ou feridas persistentes na boca ou nas gengivas. Sangramentos pela boca são bastante preocupantes. Em caso de dúvida, consulte sempre seu médico de confiança, pois com apenas um olhar pode-se evitar a evolução de muitas doenças.